quinta-feira, 14 de abril de 2011

Relatórios mudam comportamento, diz estudo


CÁSSIO AOQUI
RACHEL AÑÓN
DE SÃO PAULO
Os relatórios de sustentabilidade, que já fazem parte da lista de afazeres obrigatórios de muitas empresas e organizações não governamentais, não servem para engajar "stakeholders" (colaboradores, patrocinadores, fornecedores e parceiros em geral), mas mudam comportamentos e apresentam impacto em escala.
Essa é a conclusão da segunda edição do estudo Reporting Change (relatando mudança, na tradução livre do inglês), conduzido em 2010 pela KPMG em parceria com o SustainAbility e a Futerra e patrocinado pelo GRI (Global Reporting Initiative).
Pela primeira vez, a pesquisa ouviu não somente os relatores dos documentos de sustentabilidade (foram cem no total) mas também quem os lê _mais de 5.000 pessoas, das quais mais de 70% são brasileiros.
Veja as principais conclusões abaixo e confira a íntegra do estudo, em inglês, clicando aqui.
1 - O futuro dos relatórios é global
Mais de 70% dos leitores de relatórios respondentes são do Brasil.
Muitas organizações em países desenvolvidos apresentam uma longa história de publicação de relatórios de sustentabilidade, mas o impacto dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) é cada vez mais evidente.
Há "insights" culturais fascinantes, que revelam diferentes perspectivas entre leitores de relatórios de diferentes países.
Os relatórios que denotam a diversidade cultural tendem a obter melhores retornos em termos de conhecimento, reconhecimento e confiança.
2 - O objetivo do relatório é desempenho
O relatório serve como um guia de desempenho em todo o mundo.
Tanto os leitores como os relatores listam como os dois principais objetivos do relatório "melhorar processos internos" e "mensurar sua performance sustentável".
Acima de qualquer outro exemplo, ter um progresso real em sustentabilidade é a prioridade.
3 - Os relatórios não trazem comprometimento dos "stakeholders"
Leitores e relatores discordam quanto à influência dos relatórios para engajar os "stakeholders".
Mais da metade dos relatores escolhe "engajar stakeholders" como uma das três principais razões para fazer o documento.
Contudo, menos de 20% dos leitores pesquisados afirmam usar o relatório como fonte de informação para se comprometerem com uma organização.
Essa discordância não é simplesmente semântica e ressalta questões difíceis sobre o papel do relator. Sugere que tanto as estratégias para elaboração de relatórios como para o engajamento dos "stakeholders" precisam mudar.
4 - Relatórios são confiáveis
Leitores não consideram os relatórios como "greenwashing" (banho verde, na tradução livre do inglês, ou uma estratégia de marketing para dar à empresa uma imagem de ecologicamente correta). A questão que permanece, entretanto, é a de que os relatórios devem fornecer uma visão completa do seu progresso em sustentabilidade.
Apenas 10% dos leitores acreditam que essas publicações representem essa fotografia completa, o que denota a necessidade de mais esforços por parte dos relatores.
5 - Padrões têm valor
Padrões independentes têm um papel na construção da credibilidade.
O GRI e suas diretrizes para elaboração de relatórios de sustentabilidade, por exemplo, possibilitam melhorar a comparabilidade dos relatórios e ressaltar a transparência deles.
6 - Nem toda validação é igual
A maioria dos leitores apontou pelo menos um mecanismo de validação externo entre as três principais escolhas para aumentar o grau de confiança da empresa no que tange à sustentabilidade. Eles valorizam muito mais o parecer de uma auditoria independente do que o recebimento de um prêmio, por exemplo.
7 - Leitores influenciam uns aos outros
Quase metade dos leitores usa informações dos relatórios de sustentabilidade para compartilhar seus pontos de vista.
Isso significa que ainda que a organização não receba muito "feedback" sobre o seu relatório, a história contada e a impressão que ele deixa será compartilhada ativamente entre os "stakeholders".
8 - Relatórios mudam comportamentos
Os leitores estão investindo, procurando emprego e comprando produtos e serviços baseados nos relatórios de sustentabilidade das empresas.
Um terço desses leitores são inspirados por eles para tomarem iniciativas que contribuam com a agenda de sustentabilidade.

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/902279-relatorios-mudam-comportamento-diz-estudo.shtml

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